Desde o ventre materno
Amaldiçoas teus filhos
com tua sádica eternidade.
Tempo, como aprisionaram dentro de um relógio
Magnitude capaz de transformar
O mais sincero amor
em puro ódio?
Sou apenas um reles ator no teu espetáculo
Em que nada possui longevidade
E sentimentos são desprezíveis segundos
na tua maldita eternidade!
O que mais queres de mim?
Sou condenado à tua escravidão.
Por favor, livra-me deste fardo!
Liberta-me deste mundo
Onde só há tristeza e solidão!
Sabes que te desprezo
Porém, seria tolo demais não reconhecer
Que tu és o juiz do destino,
Dono do infinito e de sua imensidão.
Em meio a esta insignificante existência
Peço que responda:
Onde perdi o meu coração?
Tempo, estou prostrado aos teus pés.
Eu lhe imploro!
Leve-me de volta ao momento
em que lágrimas não existiam.
Leve-me de volta para aquele lugar
em que eu apenas sorria.
Tempo, deixe-me resgatar dentro do teu infinito
O brilho dos olhos dela,
A beleza, a pureza e a sinceridade.
O sabor daquele beijo singelo,
O meu sonho de felicidade...
Agora nada mais me resta,
Pois em ti depositei toda minha esperança.
Faça o que quiser comigo!
Leve-me ao passado e restaurarei o presente
Envie-me ao futuro e aniquilarei as lembranças.
Atiraste teu filho às chamas do amor
Sem ao menos lhe dizer
Que doeria sem se sentir
Que arderia sem se ver.
Tempo, me humilhei perante ti.
E tu, o que por mim fizeste?
Agora é tarde demais.
O fogo já me consumiu por inteiro.
Tempo, eis aqui teu fantoche!
Agonizando, afogado no medo,
Sangrando à espera da morte.
Pai, sua única herança é a dor
E nada mais eu posso fazer
a não ser recolher e chorar
as cinzas do nosso amor.