sábado, 25 de agosto de 2012

Ode ao Tempo

Tempo, pai de toda verdade
Desde o ventre materno
Amaldiçoas teus filhos
com tua sádica eternidade.

Tempo, como aprisionaram dentro de um relógio
Magnitude capaz de transformar
O mais sincero amor
em puro ódio?

Sou apenas um reles ator no teu espetáculo
Em que nada possui longevidade
E sentimentos são desprezíveis segundos
na tua maldita eternidade!

O que mais queres de mim?
Sou condenado à tua escravidão.
Por favor, livra-me deste fardo!
Liberta-me deste mundo
Onde só há tristeza e solidão!

Sabes que te desprezo
Porém, seria tolo demais não reconhecer
Que tu és o juiz do destino,
Dono do infinito e de sua imensidão.
Em meio a esta insignificante existência
Peço que responda:
Onde perdi o meu coração?

Tempo, estou prostrado aos teus pés.
Eu lhe imploro!
Leve-me de volta ao momento
em que lágrimas não existiam.
Leve-me de volta para aquele lugar
em que eu apenas sorria.

Tempo, deixe-me resgatar dentro do teu infinito
O brilho dos olhos dela,
A beleza, a pureza e a sinceridade.
O sabor daquele beijo singelo,
O meu sonho de felicidade...

Agora nada mais me resta,
Pois em ti depositei toda minha esperança.
Faça o que quiser comigo!
Leve-me ao passado e restaurarei o presente
Envie-me ao futuro e aniquilarei as lembranças.

Que diabos de pai tu és?!
Atiraste teu filho às chamas do amor
Sem ao menos lhe dizer
Que doeria sem se sentir
Que arderia sem se ver.

Tempo, me humilhei perante ti.
E tu, o que por mim fizeste?
Agora é tarde demais.
O fogo já me consumiu por inteiro.

Tempo, eis aqui teu fantoche!
Agonizando, afogado no medo,
Sangrando à espera da morte.
Pai, sua única herança é a dor
E nada mais eu posso fazer
a não ser recolher e chorar
as cinzas do nosso amor.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Caminho

Há algum tempo atrás,

Numa época não tão distante assim

Senti algo diferente dentro de mim

Sem hesitar, comecei a procurar

Para onde ir? Para qual lugar?

Insisti em buscar este caminho sozinho

Decidi traçar meu próprio destino.


Ao longo do caminho por vezes me perdi

Tropecei, me machuquei,

E a cada desafio que surgia

Cada vez mais meu caminho se dividia.

Chegou um momento em que eu não mais sabia

Se por onde andei foi aquilo mesmo que planejei.

Percebi que o destino é um quebra-cabeça infinito

Montando uma peça aqui, outra peça lá.

A próxima peça é consequência das que foram encaixadas

Você nunca saberá qual a sucederá.


Decidi parar de planejar

Deixei a vida me levar

Sem medo de me arrepender

Sem medo de sofrer

O tempo foi passando

Em meio as minhas escolhas

E as quais fizeram por mim

Sorri, chorei,

Levantei, caí

E o amor?

Até então um desconhecido meu

Que a cada curva do meu caminho

Se afastou, se escondeu.


Mesmo frustrado,

Percebi que o inalcançável

Era o objetivo a ser conquistado.

Certa vez convenci-me de estar perto

Pela primeira vez senti

Que meu destino estava logo ali.

Porém não durou muito tempo

Tiraram essa pouca alegria de mim.

Perdi as esperanças

Achei que a vida nada mais era

Que o ciclo da dor sem fim


Amargurado, mais uma vez derrotado

Eu deveria mais uma vez recomeçar.

A Deus me pus a implorar:

“Que seja este o meu lugar!”

O tempo passava e passava

Onde está o meu amor?

Onde ele se encontrava?

Comecei a pensar no absurdo da existência

Cada passo nesta trilha foi apenas perda de tempo

Minha vida perdeu a essência.

Dizem que a esperança é a última que morre,

O que me restava fazer?

Um ato de desespero, ela estava prestes a desaparecer.


O tempo passava e passava

Eu não mais andava.

De repente, uma luz se acendeu

A minha trilha sem fim

Encontrou-se com a de uma mulher

Como nenhuma outra tinha visto até aqui

Sua beleza, sua doce presença

Me encantaram, enfeitiçaram.

Não podia mais me dar o luxo

De pôr tudo a perder.

Bastou olhar para seu rosto

E desvaneceram-se todas as más lembranças

Toquei seu corpo, beijei seus lábios

Ressurgiu em mim a esperança.


Dei o melhor de mim

Entreguei todos meus sonhos,

Meu coração, meu amor

Em suas mãos.

Cada lágrima derramada

Toda provação, toda penúria

Coroaram minha caminhada obscura.

Errando eu aprendi

Só quem um dia acabou-se a chorar

Sabe como ninguém a sensação de conquistar.

E aquele anjo antes inalcançável,

Agora me encontro em seu colo afável.

Fecho meus olhos,

Abro-os novamente

Não estou a sonhar,

Este é o meu lugar!


Cada momento entre nós transcenderá o tempo

E quando envelhecermos juntos

Perpetuará nosso amor juvenil

Puro, singelo,

Carinhoso, sincero.

E quando eu morrer

Descansarei feliz sobre os braços da eternidade

Pois o sentido da vida, enfim descobri.


Me chame de louco, exagerado

Sou apenas um mero poeta, intenso, ousado.

Amarei sem medidas, sem me arrepender,

O meu caminho hei de percorrer.

Ou melhor, o nosso caminho

Pois agora não me restam dúvidas

Que há algum tempo atrás

Numa época não tão distante assim

Você sempre foi a razão do meu princípio,

O caminho do meu meio

E o destino do meu fim.